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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Matrix e um pouco de Filosofia - Parte I

por Tiago Eurico de Lacerda

Vivemos numa sociedade movida pela indústria cultural onde o indivíduo iludido com as falácias sociais passa a cultivar uma cultura de massa em detrimento do processo de conhecer a si. Este é um ideal socrático que distancia o homem das ilusões terrenas advindas dos sentidos levando-o às verdades metafísicas, cerne da filosofia platônica.
No filme Matrix, Neo, levado por Morfeu à outra dimensão, dita por ele como real, se surpreende ao perceber as muitas semelhanças entre os dois mundos. Sua primeira análise é sobre a realidade das coisas materiais que ele podia perceber dentro da Matrix, mas não podemos nos esquecer de que para a filosofia idealista as coisas materiais, ou são expressões das ideias ou dependem delas. Assim, como saber se estamos vivendo a realidade ou sonhando? Como fugir das ilusões que criamos para nos consolar? A primeira resposta pode ser traduzida pelo método cartesiano da dúvida, pois o enfrentamento da realidade é o primeiro passo para sairmos das ilusões sobre nós mesmos e caminharmos rumo ao autoconhecimento e à primeira verdade cartesiana: Cogito ergo sum.
Se conhecer como uma coisa que pensa é não aceitar as respostas que todo mundo dá, mas buscar dentro de si uma decisão madura diante das diversas possibilidades de escolha e por fim decidir ser senhor e artista de si mesmo para caminhar na contramão do sistema que quer nos configurar a seu bel prazer, eliminando nossa subjetividade.
Todo conhecimento tido como válido pelos empiristas baseia-se na experiência, mas a partir de Descartes, filósofo racionalista, percebemos que tais experiências nos levam ao erro e às ilusões. O palco das ilusões pode ser traduzido pela sociedade que busca padronizar comportamentos, levando os indivíduos a uma reprodução de ações impensadas, ou seja, pré-programadas, aceitando como respostas e como verdades os dizeres de todos.

Matrix é um filme criado para apresentar uma reflexão de que o mundo em que vivemos não passa de uma grande ilusão. No filme é apresentado uma possibilidade de transitar por esses dois mundos e podemos fazer isso quando cremos ser possível encontrar respostas que nos satisfaçam melhor que as anteriores, ou que há um plano, ideias, onde podemos alcanças as verdades, os protótipos de perfeição que não encontramos em nosso mundo. Neo a partir do momento em que fez a escolha pela pílula vermelha iniciou um processo de desconstrução de verdades para encontrar uma que fosse indubitável. O preço da verdade foi pago de forma árdua em acreditar que era ele o escolhido para a missão que lhe designaram. Crer nessa premissa lhe abriu horizontes para perceber que não precisaria ser apenas uma peça de manobra do sistema, mas seu mentor e operador. De uma simples peça do jogo passou a ser dono de seu destino, do qual duvidara no início do filme e o fez abrir-se a consciência para o grande enigma de Sócrates, conheça-te a ti mesmo.

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