Pesquisar neste blog

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Aproveitar a Companhia (poema de Tiago Eurico de Lacerda)


por Tiago Eurico de Lacerda
Gosto de caminhar à noite,
Gosto de observar como ela chega...
Ela chega, fica um pouco e logo se vai,
Eu caminho, ela chega, nós ficamos.

Mas uma hora tudo se vai...
A bela noite, a caminhada, o momento.
Da mesma forma que encontro, perco.
São poucas coisas que retenho.

Gosto de caminhar à noite,
Pois na maioria das vezes estou só,
Ou melhor, eu e a noite,
Coleciono esta companhia.

Presentes, amigos, coisas,
Horas, retratos, lembranças,
Beijos, afagos, emoções,
Quando ela vem, sinto tudo isso!

Espero muito tempo,
Tempo suficiente para ter saudades,
Mesmo parecendo que há demora,
Quando me assusto, se vai embora.

Por isso é preciso aproveitar,
Cada segundo da noite,
Fazer festa às vésperas,
E celebrar quando se está.

Na ausência tudo se cala,
Se escurece o que sentia,
Não se percebe que retinha,
E o tempo... nem me lembra o que esperar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Questões sobre Instituição Escolar


01) Segundo dados do censo escolar, realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos), em 2004, ingressaram no Ensino Fundamental 26.614.310 alunos, enquanto no Ensino Médio ingressaram apenas 9.169.357 alunos. A partir dos dados acima podemos concluir que:
1 – Os alunos que ingressaram no Ensino Fundamental não têm interesse de continuar sua formação escolar.
2 – A realidade Escolar do Brasil é tão rigorosa que poucos conseguem avançar nos estudos, o que ocasiona muitas reprovações e desistências.
3 – O sistema escolar pode ser visto como um sistema falho no sentido de que não consegue abarcar em si uma equidade no tratamento entre diferentes classes sociais.
4 – Os números acima se referem a alunos de escolas públicas e os mesmos não encontram vagas nas escolas para se matricularem ficando à margem contra a própria vontade.
a) Apenas a 1 está correta.
b) Apenas a 2 está correta.
c) Apenas a 3 está Correta
d) Apenas a 1 e a 3 estão corretas
e) Apenas a 1 e a 2 estão corretas.

02) Um dos principais objetivos do estudo da Sociologia é auxiliá-lo a “desnaturalizar” os fatos sociais, a desconstruir alguns conceitos que, de tão repetidos que foram, parecem ser os únicos verdadeiros. Marque a opção que não está relacionada com o conceito destacado acima.

a) Desnaturalizar é compreender que a realidade cotidiana é resultado de decisões, de interesses particulares ou coletivos, de ideologias;
b) Não é uma tendência natural e imutável e pode ser modificada pela vontade humana;
c) Desnaturalizar é empreender a estagnação das formas de interpretação da sociedade, pois tudo já está determinado e certo.
d) Desnaturalizar é pensar no mutável a todo instante e ter como certo as possibilidades de se pensar a mesma realidade ou conceito por vias diferentes.
e) Todas as alternativas acima estão verdadeiras.


03) Florestan Fernandes (1920-1995), importante nome da Sociologia brasileira, estudou os povos Tupinambás, e sua pesquisa nos permite conhecer alguns elementos que caracterizam a educação das sociedades tribais. Três importantes valores perpassam a educação dos tupinambás que é o diferencial de uma sociedade “desescolarizada” (educação informal) aponte-as:

a) A tradição, o valor da ação e o valor do exemplo;
b) A tradição , o valor da palavra e o valor do exemplo;
c) A educação dos menores, a pesca e o chefe da tribo;
d) O valor da ação, o valor do exemplo e a magia.
e) Todas alternativas acima estão incorretas.



04) Sobre Émile Durkheim (1858–1917) é correto afimar:

a) É um dos representantes do pensamento progressista.
b) Sua teoria faz a defesa da ordem social dominante.
c) A escola não têm a função de imprimir valores morais e disciplinares.
d) As crises não são causadas por aspectos morais, mas econômicos.
e) Todas alternativas acima estão incorretas.


05) Sobre as teorias Critico-reprodutivistas é correto afirmar que:
a) Bourdieu chama isso de “violência simbólica”, ou seja, o desprezo e a inferiorização da expressão cultural de um grupo por outro mais poderoso econômica ou politicamente.
b) A violência Simbólica não faz com que um grupo perca sua identidade e suas referências, tornando-se fraco, inseguro e mais sujeito à dominação, mas os fortalece.
c) A escola não ignora as diferenças socioculturais, selecionando os valores das classes dominantes, mas ajuda a estabelecer um vínculo entre as classes.
d) Para os jovens de uma classe dominante, a escola não é uma continuação da família e do “mundo”, pois a família é uma escola informal que não tem capacidade de passar todos os valores.
e) Para os jovens filhos das classes trabalhadoras, a escola representa uma Continuação. Seus valores e saberes são valorizados em detrimento dos valores e saberes das classes dominantes.

domingo, 21 de outubro de 2012

Questões de prova sobre: As desigualdades sociais

01 - (UEL – 2003) Observe os quadrinhos:
(QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1992).

Os quadrinhos ilustram uma forma comum de explicar a pobreza e as desigualdades sociais. Assinale a alternativa que apresenta pressupostos utilizados pela teoria liberal clássica para compreender a existência da pobreza e que foram também assumidos pela personagem Susanita em suas falas.
a) As desigualdades sociais podem ser compreendidas através da análise das relações de dominação entre classes, que determinam o sucesso ou o fracasso dos indivíduos.
b) A existência da pobreza pode ser compreendida a partir do estudo das relações de produção resultantes da exploração de uma classe sobre a outra.
c) A divisão em classes sociais no capitalismo está baseada na liberdade de concorrência; assim, a pobreza decorre das qualidades e das escolhas individuais.
d) O empobrecimento de alguns setores sociais no capitalismo decorre da apropriação privada dos meios de produção, que dificulta a ascensão social da maioria da população.
e) O empobrecimento de grande parte da população mundial decorre da definição pelo imperialismo de políticas econômicas discriminatórias.

02 - (UEL – 2004) Em 1840, o francês Aléxis de Tocqueville (1805-1859), autor de A democracia na América, impressionado com o que viu em viagem aos Estados Unidos, escreveu que nos EUA, “a qualquer momento, um serviçal pode se tornar um senhor”. Por sua vez, o escritor brasileiro Luiz Fernando Veríssimo, autor de O analista de Bagé, disse, em 1999, ao se referir à situação social no Brasil: “tem gente se agarrando a poste para não cair na escala social e sequestrando elevador para subir na vida”.
As citações anteriores se referem diretamente a qual fenômeno social?

a) Ao da estratificação, que diz respeito a uma forma de organização que se estrutura por meio da divisão da sociedade em estratos ou camadas sociais distintas, conforme algum tipo de critério estabelecido.
b) Ao de status social, que diz respeito a um conjunto de direitos e deveres que marcam e diferenciam a posição de uma pessoa em suas relações com as outras.
c) Ao dos papéis sociais, que se refere ao conjunto de comportamentos que os grupos e a sociedade em geral esperam que os indivíduos cumpram de acordo com o status que possuem.
d) Ao da mobilidade social, que se refere ao movimento, à mudança de lugar de indivíduos ou grupos num determinado sistema de estratificação.
e) Ao da massificação, que remete à homogeneização das condutas, das reações, desejos e necessidades dos indivíduos, sujeitando-os às idéias e objetos veiculados pelos sistemas midiáticos.

03 - (UEL – 2006) Contardo Calligaris publicou um artigo em que aborda a prática social brasileira de denominar como doutores os indivíduos pertencentes a algumas profissões, dentre eles médicos, engenheiros e advogados, mesmo na ausência da titulação acadêmica. Segundo o autor, estes mesmos profissionais não se apresentam como doutores no encontro com seus pares, mas apenas diante de indivíduos de segmentos sociais considerados subalternos, o que indica uma tentativa de intimidação social, servindo para estabelecer uma distância social, lembrando a sociedade de castas. A questão levantada por Contardo Calligaris aborda aspectos relacionados à estratificação social, estudada, entre outros, pelo sociólogo alemão Max Weber.
De acordo com as ideias weberianas sobre o tema, é correto afirmar:

a) As sociedades ocidentais modernas produzem uma estratificação social multidimensional, articulando critérios de renda, status e poder.
b) Médicos, engenheiros e advogados são designados de doutores porque suas profissões beneficiam mais a sociedade que as demais.
c) A titulação acadêmica objetiva a intimidação social e a demarcação de hierarquias que culminem em uma sociedade de castas.
d) A intimidação social perante os subalternos expressa a materialização das castas nas sociedades modernas ocidentais.
e) Nas sociedades modernas ocidentais, a diversidade das origens, das funções sociais e das condições econômicas são critérios anacrônicos de estratificação.

04 - (UEL – 2008) Leia o texto a seguir:

Unamo-nos para defender os fracos da opressão, conter os ambiciosos e assegurar a cada um a posse daquilo que lhe pertence, instituamos regulamentos de justiça e de paz, aos quais todos sejam obrigados a conformar-se, que não abram exceção para ninguém e que, submetendo igualmente a deveres mútuos o poderoso e o fraco, reparem de certo modo os caprichos da fortuna. (ROUSSEAU, J-J. Discours sur l’origine de l’inegalité. Apud NASCIMENTO, M. M. Rousseau: da servidão à liberdade. In WEFORT, F.
(Org). Os clássicos da política, v. 1. São Paulo: Ática, 1989. P. 195.).
De acordo com o texto e com os conhecimentos sobre o tema, assinale a alternativa que reproduz a relação que Rousseau estabelece entre as ideias de Contrato Social e Desigualdade.

a) O Contrato Social, uma imposição do soberano sobre seus súditos, elimina a liberdade natural e faz aumentar a fortuna dos fortes e opressão sobre os fracos.
b) O Contrato Social, obrigações impostas pelos fortes para serem cumpridas pelos mais fracos, amplia a desigualdade e a discórdia social.
c) O Contrato Social, regulamento aplicado a todos, divide igualmente a riqueza e as posses dos fortes entre os mais fracos para poder promover a igualdade social.
d) O Contrato Social, um pacto legítimo, permite aos homens, em troca de sua liberdade natural, a vida em concórdia, ao estabelecer obrigações comuns a todos e equiparar as diferenças que a sorte fez favorecer a uns e não a outros.
e) O Contrato social, um pacto de defesa dos mais fracos, elimina a desigualdade, ao submeter os ricos ao poder dos fracos e assim permite que as posses sejam igualmente distribuídas.


05 - (UEL – 2004) Leia a letra da canção.
“Tinha eu 14 anos de idade quando meu pai me chamou
Perguntou-me se eu queria estudar filosofia
Medicina ou engenharia
Tinha eu que ser doutor
Mas a minha aspiração era ter um violão
Para me tornar sambista
Ele então me aconselhou:
‘Sambista não tem valor nesta terra de doutor’
E seu doutor, o meu pai tinha razão
Vejo um samba ser vendido, o sambista esquecido
O seu verdadeiro autor
Eu estou necessitado, mas meu samba encabulado
Eu não vendo não senhor!”
(Canção “14 anos” de Paulinho da Viola, do álbum Na Madrugada, 1966).
De acordo com a letra da canção, assinale a alternativa correta.
a) O sambista vê na comercialização do samba, ou seja, na sua mutação em mercadoria, um processo que valoriza mais o criador que a coisa produzida.
b) Os termos ‘sambista’ e ‘doutor’ servem para qualificar e/ou desqualificar os indivíduos na rigorosa hierarquia social vigente no Brasil.
c) A filosofia, enquanto conhecimento humanístico voltado à crítica social, é desqualificada em relação aos conhecimentos direcionados às profissões liberais.
d) Para o sambista, o valor objetivo da música como mercadoria, medido pelo reconhecimento econômico, é mais relevante do que sua condição de criação artística subjetiva.
e) A expressão ‘terra de doutor’ está relacionada à disseminação generalizada dos cursos superiores no Brasil, responsáveis por uma elevação do nível cultural dos setores populares.

06 - (UEM – Inverno 2008) Ao longo da história, várias sociedades foram marcadas por profundas desigualdades sociais e políticas, motivando diferentes interpretações sobre elas. Assinale o que não for correto.
a) Para Rousseau, o contrato social teria por objetivo alcançar o bem comum, estabelecendo-se um pacto em que os indivíduos estariam igualmente submetidos à vontade geral da sociedade.
b) O pensamento liberal interpreta as diferenças sociais como o resultado da desigual apropriação dos meios de produção, do capital e da força de trabalho e considera que essa situação leva à dominação entre os indivíduos.
c) Nas décadas de 1950 e 1960, o Brasil passou por um processo de industrialização, mas sem sair do subdesenvolvimento devido às características de seu modelo de crescimento industrial, que gerou uma acumulação altamente concentrada da riqueza.
d) A partir de 1970, o governo brasileiro conseguiu diminuir as desigualdades no país mediante um desenvolvimento com custo social reduzido, a desconcentração da renda, a absorção da mão-de-obra economicamente ativa e o fim da inflação.
e) Segundo Karl Marx, na sociedade capitalista, o operário cria as mercadorias e apropria-se de uma parcela da sua produção, eliminando as desigualdades sociais.

07 - (UEM – Inverno 2008) Em termos sociológicos, assinale o que não for correto sobre o conceito de classes sociais.
a) Sua utilização visa explicar as formas pelas quais as desigualdades se estruturam e se reproduzem nas sociedades.
b) De acordo com Karl Marx, as relações entre as classes sociais transformam-se ao longo da história conforme a dinâmica dos modos de produção.
c) As classes sociais, para Marx, definem-se, sobretudo, pelas relações de cooperação que se desenvolvem entre os diversos grupos envolvidos no sistema produtivo.
d) A formação de uma classe social, como os proletários, só se realiza na sua relação com a classe opositora, no caso do exemplo, a burguesia.
e) A afirmação “a história da humanidade é a história das lutas de classes” expressa a ideia de que as transformações sociais estão profundamente associadas às contradições existentes entre as classes.

08 - (UFUB) Rousseau, um dos ideólogos da Revolução Francesa, ao tratar da questão da cidadania, concebe os cidadãos como elementos ativos, participantes da autoridade soberana do Estado. Considerando-se que, para ele, a igualdade é condição fundamental para que se possa viver em liberdade, pode-se dizer que, no Brasil, hoje, segundo a lógica do pensamento rousseauniano:
A) Vivemos sob um regime democrático, pois, além da igualdade de todos perante a lei, existe plena liberdade de organização partidária.
B) Estamos longe de viver sob um regime democrático, tendo em vista as disparidades econômico-sociais expressas na concentração de renda, o que acabava viciando o processo político de tomada de decisões.
C) Vivemos sob um regime democrático, atestado pelo funcionamento do sistema democrático-parlamentar, condição essencial para a representação da vontade geral.
D) Estamos longe de viver sob um regime democrático, pois este só será lançado quando os interesses particulares forem efetivamente respeitados, sem sofrer qualquer interferência do Estado.


09 - (UFUB) Sobre as relações sociais estabelecidas entre os homens no processo de produção capitalista, podemos afirmar que:

I – se caracteriza por serem relações de exploração, antagonismo e oposição.
II – as relações estabelecidas entre as classes sociais são complementares, pois só existe em relação à outra.
III – dividem os homens entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção.
IV – as desigualdades não constituem a base de formação das classes sociais.
V – entre o capitalista e o trabalhador há uma relação de igualdade, pois ambos são vendedores de sua força de trabalho.
Selecione a alternativa correta:

A) I, II e III estão corretas.
B) III, IV e V estão corretas.
C) II, III e IV estão corretas.
D) I, III e IV estão corretas.

10 - (UFUB) De acordo com a teoria de Marx, a desigualdade social se explica:
A) Pela distribuição da riqueza de acordo com o esforço de cada um no desempenho de seu trabalho.
B) Pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não-proprietários dos meios de produção.
C) Pelas diferenças de inteligência e habilidade inatas dos indivíduos, determinadas biologicamente.
D) Pela apropriação das condições de trabalho pelos homens mais capazes em contextos históricos, marcados pela igualdade de oportunidades.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Estrutura e estratificação social


Podemos observar os sinais das desigualdades sociais em todos os lugares, todos os dias. Toda a percepção de uma determinada sociedade implica na analise das diferenças que existem entre os seus membros. A Estratificação Social pode ser relacionada não só ao aspecto político, mas também a valores de cultura, hábitos, costumes e padrões morais específicos. Podemos afirmar, portanto, que mesmo antes do surgimento da propriedade privada já existiam diferenças sociais e grupos poderiam ser identificados, não por seu destacamento econômico, mas por seus valores culturais mais amplos. Dessa forma, vamos analisar as três mais importantes formas de desigualdade que uma determinada sociedade pode apresentar. Normalmente, as desigualdades se evidenciam no dia a dia pelos contrastes entre riqueza e a pobreza, no acesso à educação e aos bens culturais, os chamados bens simbólicos.
Castas
A sociedade de castas está diretamente relacionada à Antiguidade Oriental, é verdade que temos exemplos históricos dessa modalidade de desigualdades em alguns pontos da Grécia Antiga, mas, no entanto foi na Índia que essa organização consolidou-se. A sociedade dividida em castas é aquela em que os grupos sociais são definidos pelo papel que o indivíduo desempenha na sociedade. Para estudar a estratificação em cada sociedade é necessário que se verifique como se organizam as estruturas de apropriação (econômica) e dominação (política). Entretanto estas estruturas constitui relações entre os vários fatores – econômicos, políticos, históricos, sociais, religiosos, culturais – que dão uma feição para cada sociedade.
A hierarquia entre as castas é definida pela separação entre trabalho manual e trabalho intelectual, sempre valorizando a última em relação à primeira. Em outras palavras, o que definia posição de um indivíduo em uma sociedade é a casta ao qual ele pertence. Dessa forma, podemos afirmar que existiam castas de burocratas, de médicos, de sacerdotes, de lavradores, de comerciantes, e assim por diante.
Esse processo segue uma rígida hierarquia e hereditariedade, ou seja, se você nascer membro de uma família de sacerdotes, naturalmente você vai ser um sacerdote. Os indivíduos nesse modelo são identificados diretamente com a casta ao qual pertencem apresentando sempre um mesmo nome, usando sempre um mesmo tipo de roupa, ou uma cor específica. Esses indivíduos, obrigatoriamente seguem um modelo de casamento endogâmico (com membros da própria casta).
Estamentos
O sistema de estamentos ou estados constitui outra forma de estratificação social. A sociedade estamental pode ser relacionada diretamente ao mundo feudal, na Idade Média. É importante ressaltar o que define o estamento, ou seja, a origem das diferenças está relacionada ao nascimento e a inexistência (ou existência em pouca escala) de mobilidade social.
De maneira geral, se você nascer servo você irá morrer como tal e assim por diante. É importante ressaltar que existe um código jurídico que é aceito e legitimado no contexto dessa sociedade: “A nobreza era constituída para defender a todos, o clero para rezar por todos, e os comuns para proporcionar comida a todos”, que era incorporado e aceito pelos indivíduos que compunham esse corpo social. Alguns chegavam a conseguir títulos de nobreza, o que, no entanto, não significava obter o bem maior, que era a terra. A propriedade da terra definia o prestígio, a liberdade e o poder dos indivíduos. Os que não possuíam eram dependentes, econômica e politicamente, além de socialmente inferiores. A desigualdade era um fato natural.
Um exemplo dado pelo sociólogo brasileiro José de Souza Martins ilustra bem isso. ele declara em seu livro “A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclusão, pobreza e classes sociais”, que durante uma pesquisa no Mosteiro de São Bento, na cidade de São Paulo, encontrou um livro da segunda metade do século XVIII no qual havia dois registros de doações (esmolas) uma feita para um nobre pobre, que recebeu 320 réis e outra para um pobre que não era nobre, que recebeu 20 réis. O seu comentário varia em que um nobre pobre valia dezesseis vezes um pobre que não era nobre. as necessidades de um se diferenciava em muito do outro. Atualmente, se alguém decide dar esmola a uma pessoa que está em situação precária, jamais leva em consideração as diferenças sociais de origem do pedinte, pois partem do pressuposto de que elas são puramente econômicas. E para Martins é isso o que distingue estamento de classe social.
Classes
O termo classe costuma ser empregado de muitas maneiras. Diz-se, por exemplo, “alguém tem classe”, classe política, classe dos professores, etc. essas são formas do senso comum utiliza para caracterizar determinado tipo de comportamento ou para definir certos grupos sociais ou profissionais. Assim, as classes sociais expressam, no sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se estruturam na sociedade capitalista.
Noção de classe social está diretamente ligada ao mundo capitalista, e foi dimensionada conceitualmente na Sociologia, pela primeira vez, por Karl Marx. Para ele a classe social é a forma de organização da sociedade que expressa a exploração econômica de um determinado grupo social por outro.
É, portanto uma diferenciação essencialmente econômica e aberta, ou seja, que aceita mobilidade em todos os níveis, seja horizontal ou vertical. Para Marx, podemos considerar a existência de dois grandes grupos sociais no capitalismo, a Burguesia (os donos dos meios de produção) e o proletariado (aquele que tem apenas a sua força de trabalho).
Para Max Weber, a caracterização de uma classe social deve ser econômica, mas também deve ser percebido seus aspectos sociais, baseada no status. Na abordagem multidimensional deste autor a analise das classes sociais devem levar em conta que os indivíduos podem se situar na escala de estratificação de modo diferente, nessas duas dimensões. Por exemplo, um indivíduo pode possuir riqueza suficiente para colocá-lo no topo da escala social no âmbito da ordem econômica, mas não possuir honra e prestígio suficiente para situá-lo no patamar mais elevado no âmbito da dimensão social. Sua riqueza pode não ser considerada fonte de riqueza e honraria.
Posição de conflito: a sociedade de classes
a) As classes sociais constituem categorias analíticas, e os estratos constituem categorias derivativas e estáticas.
b) As classes sociais mudam no decorrer da história e surgem a partir de determinadas condições estruturais.
c) Definem-se as classes sociais pela relação dos homens com os meios de produção.
d) As classes não existem isoladas, mas como sistema de classes: as relações entre as classes são relações de oposição.
e) Os conflitos são expressão das contradições de sistemas sócio-econômicos determinados.

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O processo de socialização - Parte II

AS DIFERENÇAS NO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
Entender a sociedade da qual fazemos parte significa saber que existem diferenças e que precisamos olhar para elas. É muito diferente nascer e viver numa favela, num bairro rico, num condomínio fechado ou numa área do sertão nordestino exposta a longos períodos de seca. Essas desigualdades promovem formas diferentes de socialização. Ao tratarmos de diferenças temos também de vê-las no contexto histórico.
Socialização nos anos 50:
A socialização dos dias atuais é completamente diferente da dos anos de 1950. Naquela época, a maioria da população vivia na zona rural ou em pequenas cidades. As escolas eram pequenas e tinham poucos alunos. A televisão estava iniciando no Brasil e apresentava poucos programas que eram vistos por poucas pessoas. Não havia internet e o telefone era precário. Ouvir rádio era a principal maneira de saber o que ocorria em outros lugares do país e do mundo. As pessoas relacionavam-se quase somente com as que viviam próximas e estabeleciam laços fortes de solidariedade entre si. Escrever cartas era muito comum, pois era o meio mais rápido de se comunicar a longas distâncias.
Socialização nos anos 2000:
No decorrer da segunda metade do século XX ocorreram inúmeras mudanças, avanços tecnológicos nos setores da comunicação e da informação, aumento da produção industrial e do consumo e o crescimento da população urbana, que permitiram desencadear grandes transformações no mundo inteiro. Em alguns casos, alterações econômicas e políticas provocaram a desorientação das condições de vida e organização social, gerando grandes situações calamitosas. Em vários países do continente africano, centenas de milhares de pessoas morreram de fome ou se destruíram em guerras internas, o que continua a acontecer. Na antiga Iugoslávia, Europa, grupos étnicos entraram em conflitos que mesclavam questões políticas, econômicas e culturais e, apoiados ou não por outros países, mataram-se durante muitos anos numa guerra civil.
Nascer e viver nessas condições é completamente diferente de viver no mesmo local com paz e tranquilidade. A socialização das crianças “em guerra permanente” é afetada profundamente.

     
TUDO COMEÇA NA FAMÍLIA
Ocorrem dois tipos de processos de socialização em uma sociedade, a saber:
Processo de Socialização formal: É conduzido por instituições, como: Escola e Igreja.      
Processo de Socialização informal: Este é mais abrangente e acontece inicialmente na Família; Vizinhos; Grupos de amigos; Meios de comunicação.
Família
O ponto de partida para o processo de socialização é a família, o espaço privado das relações de intimidade e afeto, em que, geralmente, podemos encontrar alguma compreensão e refugio, apesar dos conflitos. A família é o espaço onde aprendemos a obedecer às regras de convivência, a lidar com as diferenças e as adversidades.        
Espaços Públicos de Socialização:
São todos os outros lugares que frequentamos em nosso cotidiano. Neles as relações sociais são deferentes, pois convivemos com pessoas que nem conhecemos. Nesses espaços públicos, não podemos fazer muitas das coisas que são permitidas em casa. Precisamos observar as normas e as regras em cada situação. Nos locais de culto religioso, devemos fazer silêncio. Na escola, onde ocorre a educação formal, precisamos ser pontuais nos horários de entrada e saída.     
Espaços Públicos e privados de Socialização:
Há agentes de socialização que estão presentes nos espaços públicos e privados ao mesmo tempo: são os meios de comunicação: Cinema; Televisão; Internet; Rádio; Jornais; Revistas; Telefonia Celular.  
Estes talvez sejam os meios de socialização mais eficientes e persuasivos que existem

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010

O processo de socialização - Parte I

 

O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO - Parte I

Podemos iniciar nossa reflexão com o questionamento: O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam a sociedade ou a sociedade molda os indivíduos?
Socialização:
É o processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são por ela formados.  
A imagem que melhor descreve esse processo é a de uma rede que vai sendo tecida por relações sociais que vão se entrelaçando e compondo diversas outras relações até formar toda a sociedade.
Cada indivíduo ao fazer parte de uma sociedade, insere-se em múltiplos grupos e instituições que se entrecruzam, como a família, a escola, e a igreja. E, assim, o fio da meada parece interminável porque forma uma complexa rede de relações que permeia o cotidiano. Ainda que cada sujeito tenha sua individualidade, esta se constrói no contexto das relações sociais com os diferentes grupos e instituições dos quais ele participa, tendo por isso experiências semelhantes ou diferentes das de outras pessoas.
O que nos é comum
Ao nascer o indivíduo chega a um mundo que já está pronto, e essa relação com o “novo” é de total estranheza.
A criança vai sentir: Frio e calor; Conforto e desconforto; Vai sorrir e chorar; Enfim, vai se relacionar e conviver com o mundo externo.  Para viver nesse mundo terá que aprender a conhecer seu corpo, seja observando e tocando partes dele, seja se olhando no espelho. Nesse momento ainda não se reconhece como pessoa, pois não domina os códigos sociais; é o “nenê”, um ser genérico.
Com o tempo a criança percebe que existem outras coisas a seu redor: O berço; O chão; E os objetos que compõem o ambiente em que vive.
A criança percebe que existem também pessoas: Pai; Mãe; Irmãos; Tios; Avós.     
São pessoas com as quais ela vai ter que se relacionar. As crianças descobrem que existem outras pessoas que não são família e terá que aprender a diferenciá-las das que são. À medida que cresce, vai descobrindo que há coisas que pode fazer e coisas que não pode fazer. Posteriormente saberá que isso é determinado pelas normas e costumes da sociedade à qual pertence.
Processo de conhecimento do mundo
No processo de conhecimento do mundo, a criança percebe que alguns dias são diferentes dos outros. Há dias em que os pais não saem para trabalhar e ficam em casa mais tempo. São dias em que assiste mais à televisão, vai passear em algum parque ou outro lugar qualquer. Nota que vai a um lugar diferente, que mais tarde identificará como a igreja. Nos outros dias da semana vai à escola, onde encontra crianças de mesma idade e também outros adultos.
A criança percebe que existem outros lugares:
A criança vai entendo que existem outros lugares além da casa em que vive; alguns são bem parecidos com o seu, já outros não; alguns são próximos e outros são bem distantes; alguns são grandes e outros são pequenos; alguns são ricos e outros são simples ou miseráveis. Ao ver Tv percebe que existem cidades grandes e outras que são bem pequenas, novas e antigas. Descobre também que existem áreas rurais, com poucas casas, onde se cultivam os alimentos que ela consome. Aos poucos, saberá que cidades, zonas rurais, matas e rios fazem parte do território de um país, que é dividido em unidades menores, no caso do Brasil são chamados de Estados-membros. Nessa extraordinária viagem que está fazendo a criança aprenderá que há os continentes, os oceanos e os mares, e que tudo isso, com atmosfera, forma o planeta Terra, que por sua vez está vinculado a um sistema maior, o sistema Solar, o qual faz parte de uma galáxia: a Via Láctea. Esse processo de conviver com a família e com os vizinhos, de frequentar a escola, de ver televisão, de passear e de conhecer novos lugares, coisas e pessoas compõe um universo cheio de faces no qual a criança vai se socializando, isto é, vai aprendendo e interiorizando palavras, significados e ideias, enfim, os valores e o modo de vida da sociedade da qual faz parte.

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Trabalho - Parte II: Da tortura à dignidade



Pensando o trabalho a partir da tortura (como era visto) até o momento em que foi tido como uma atividade que dignifica o homem.

O termo trabalho pode ter nascido do vocábulo latino tripallium, que sig­nifica "instrumento de tortura", e por muito tempo esteve associado à ideia de atividade penosa e torturante. Nas sociedades grega e romana era a mão-de­-obra escrava que garantia a produção necessária para suprir as necessidades da população. Existiam outros trabalhadores além dos escravos, como os meeiros, os artesãos e os camponeses. No entanto, mesmo os trabalhadores livres eram explorados e oprimidos pelos senhores e proprietários. Estes eram desobrigados de qualquer atividade, exceto a de discutir os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos. Para que não dependessem do próprio trabalho e pudessem se dedicar exclusivamente a essa atividade, o trabalho escravo era fundamental. O trabalho passou a ter valor após a Revolução Industrial e emergência do mercantilismo e do capitalismo devido a necessidade de mão de obra requerida pela burguesia que ganhava forças cada vez mais. a partir daí passou-se a pensar o trabalho como algo valoroso, algo que dignifica o homem, o trabalho mudou de figura e era preciso agora convencer as pessoas de que trabalhar para os outros era bom.

Algumas mudanças ocorreram na estrutura do trabalho. O pensamento primário a respeitodo trabalho foi tomando novo rumo. artesãos e pequenos produtores se transformaram em assalariados. vamos ver como se deu esse movimento conceitual do trabalho.
Primeiro, casa e local de trabalho foram separados; depois, separaram o trabalhador de seus instrumentos; por fim, tiraram dele a possibilidade de conseguir a própria matéria-prima. Tudo passou a ser dos comerciantes e industriais que haviam acumulado riquezas. Eles financiavam, organizavam e coordenavam a produção de mercadorias, definiam o que produzir e em que quantidade. Afinal, o dinheiro era deles.
Essa transformação aconteceu por meio de dois processos de organização do trabalho: a cooperação simples e a manufatura (ou cooperação avançada).
Na cooperação simples, era mantida a hierarquia da produção artesanal entre o mestre e o aprendiz, e o artesão ainda desenvolvia, ele próprio, todo o processo produtivo, do molde ao acabamento. A diferença é que ele estava a serviço de quem lhe financiava não só a matéria-prima, como até mesmo alguns instrumentos de trabalho, e também definia o local e as horas a ser trabalhadas. Esse tipo de organização do trabalho abriu caminho para novas formas de produção, que começaram a se definir como trabalho coletivo.
No processo de manufatura (ou cooperação avançada), o trabalhador até continuava a ser artesão, mas não fazia tudo, do começo ao fim. O sapato, por exemplo, era feito a muitas mãos, como numa linha de montagem. Cada um cuidava de uma parte, como hoje acontece com os carros e tantos outros produtos fabricados.



Com esse processo ocorreu o convencimento do trabalhador de que a situação presente era melhor do que a anterior. Diversos setores da sociedade colaboraram para essa mudança:
  • As igrejas procuraram passar a idéia de que o trabalho era um bem divino e quem não trabalhasse não seria abençoa­do. Não trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado.
  • Os governantes passaram a criar uma série de leis e decre­tos que penalizavam quem não trabalhasse. Os desempre­gados eram considerados vagabundos e podiam ir para a prisão. Inclui-se aqui o auxílio da polícia, encarregada de prender esses "vagabundos".
  • Os empresários desenvolveram uma disciplina rígida no trabalho, principalmente com horários de entrada e saída dos estabelecimentos.
  • As escolas passaram às crianças a ideia de que o trabalho era fundamental para a sociedade. Esse conceito era ensinado, por exemplo, nas tarefas e lições e também por meio dos contos infantis. Quem não se lembra, por exemplo, da his­tória da Cigarra e da Formiga ou da dos Três Porquinhos? Quem não trabalhava "levavasempre a pior".

Resumindo:
O trabalho era visto de forma torturante.
  • Era uma atividade apenas voltada para escravos ou classe mais pobre.
  • Era valorizado quem não trabalhava, pois tinha que pensar na vida e nos assuntos da sociedade.
  • O trabalho passou de uma concepção de algo vil para uma atividade que dignifica o homem.
  • Dois processos de organização do trabalho: cooperação simples e manufatura.
  • Algumas instituições colaboraram para esta mudança: igrejas, governantes, empresários e escolas.

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010



Popular Posts