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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sentindo a dor do outro... Sentindo a minha própria dor.


Blogagem Coletiva Espiritual IX - Espiritual-idade - Blog da Rosélia

Para partilhar um pouco sobre como sentir o outro, suas dores, vicissitudes e desafios, não encontrei melhor passagem bíblica do que a do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). A frase que destaco de toda esta cena é "Vai e faça a mesma coisa!". A nossa dor não pode estar desconectada da dor da humanidade; não é bom que sejamos indiferentes à dor do nosso próximo. Esta deve ser a nossa própria dor, a nossa própria vontade de cuidar do nosso coração. A grande proposta do Evangelho para nos ajudar neste embate se resume em uma palavra, amor. Quem ama consegue enxergar no outro a Deus e a si mesmo. Em Cristo somos um único corpo onde Ele é a cabeça. Pode faltar um braço que o corpo ainda se mantém vivo, pode um perna estar paralisada que a vida se mantém, mas de uma forma enfraquecida. Quanto mais deixamos de cuidar do nosso próximo, que pode ser qualquer pessoa do mundo, deixamos de cuidar de nós mesmos que fazemos parte deste mesmo corpo. Devemos sempre ter esta visão holística da nossa participação de um único corpo, de um cuidado e atenção que quando aplicado ao outro, ao desconhecido, produzimos um crescimento mútuo no amor e na vontade de Deus. O princípio fundamento do Amor Criador é o que nos orienta a perceber que somos cuidados e precisamos legar este cuidado e amor aos mais necessidados que estão em nosso meio.

domingo, 4 de julho de 2010

Escuta X Espiritualidade


Blogagem Coletiva VIII - Espiritual-Idade - Blog da Rosélia

Saber ouvir é saber silenciar-se para ajudar o outro a dizer aquilo que ele precisa colocar para fora. É saber dar atenção ao outro que busca em Deus forças para ser uma pessoa autêntica. Mas saber ouvir é silenciar interior e exteriormente para ouvir a Deus que nos ensina o melhor caminho a trilhar. Esta semana estou em retiro espiritual aqui em Itaicí-SP. É um momento doloroso de calar, silenciar até o último suspiro para ouvir os suspiros de Deus, que para mim vêm por sensações, moções que posso sentir e contemplar junto com a natureza, com as pessoas, com as situações que vivo. O mundo é ruidoso, não nos dá oportunidade de silenciar, tampouco de escutar. No barulho ouvimos sempre alguma coisa distorcida, não compreendemos bem as coisas, por isso, às vezes gritamos com nosso interlocutor porque não compreendemos o que ele disse, por estarmos envoltos nos ruídos que nos cercam. Com Deus não precisamos gritar, mas se não aprendermos a escutá-lo da forma que Ele se manifesta, não vamos adiante, podemos até gritar, Ele nos ouvirá, mas nós não teremos retorno, não porque Ele não o faz, mas porque não sabemos como fazer isso bem. Queremos um Deus útil, que satisfaz nossas necessidades, nosso Deus não é assim. Neste sentido podemos fazer uma teologia apofática, dizer o que Ele não é. Mas podemos por outro lado dar ênfase naquilo que já sabemos que é, e Deus se resume em uma única palavra, AMOR. Na primeira carta de São João 4, 8, encontramos esta verdade. E o amor não nos exclui, não nos abandona e não deixa de ouvir-nos. Somos nós instrumentos que necessitam de uma afinação diária para tocar na nota certa, uma nota que possa ser ouvida universalmente, uma nota LÁ é a mesma em toda parte do mundo, música é matemática. Escutar é a matemática que nos leva a uma vida melhor. Quem sabe escutar, além de errar menos, vive muito melhor. E o que fazer com o que escutamos? Discernir. Santo Inácio de Loyola nos ensina que antes de qualquer decisão ou discernimento é preciso um silêncio absoluto, porque assim podemos certamente saber se o que escutamos vem de Deus ou de algum espírito que nos desorienta e nos leva por outros caminhos que não os de Deus.
A espiritualidade da escuta é simplesmente saber deixar que os nossos sentidos se calem, não para ficarem inertes e inoperantes, mas é um calar para uma afinação teleológica, com uma finalidade de agir melhor de forma mais simples dentro de nós mesmos e no mundo.

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