Pesquisar neste blog

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Poço esquecido (poema de Tiago Eurico de Lacerda)



O poço esquecido

Por Tiago Eurico de Lacerda

Encontrei um lugar muito bom para pensar.
Aqui há um açude de cimento sem água, um tanque antigo.
Nele só há folhas secas das árvores que o ladeia.
E é em sua sombra que me refugio do sol.

Olho para um lado, campo.
Olho para o outro, serras.
Bem longe avisto os prédios do centro da cidade.
Aqui o vento traz paz, faz música
Tocando os galhos e suas folhas secas no fundo do tanque.

Enfim me encontro só, ou melhor, eu e o poço,
Mas sei que nós dois não estamos abandonados.
Ele me faz lembrar, pensar, rezar.
E eu quase me esqueço, era eu o poço e o vento.

Aprendi que opaco pode brilhar,
E o que hoje brilha, amanhã já não será.
Nesse tanque profundo e largo já houve esperança,
Que com suas águas se esgotaram,
E por seu estado, nada e ninguém o ajudou.

Hoje é um tanque qualquer,
Em lugar nenhum e sem provisão.
No passado foi a fonte da abundância,
Do doar-se, do servir.

Ele fez sua história, escreveu suas páginas,
Arrancou muitas lágrimas.
Ele passou pelo percurso natural da vida, ele veio e se foi,
Como uma semente que tem que morrer para dar frutos.
E seus frutos também passaram.

E mesmo assim queres saber se dele se lembram?
Deixe que a história conte seus próprios contos.
Que os pontos se lembrem e se esqueçam,
Mas que marquem as páginas escrita com a vida.

Popular Posts