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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Partir (poema de Tiago Eurico de Lacerda)




por Tiago Eurico de Lacerda

Esta noite eu fiz uma viagem e passei por muitas estradas, parti.
Parti para um lugar onde ninguém poderia me encontrar.
Como viajei? Não posso dizer, talvez eu nem saiba.
O que sei é que foi longa, mas em momento algum me cansei.
No meu caminho partido, pois gostaria de ir a outros nortes,
Vi muitos partindo também.
Vi mães, pais, filhos, vi amantes, enfim diamantes,
Cada um com seu destino, uns felizes, outros não, e os misteriosos.
Quando a gente parte, não quer mais voltar,
É como um bolo vistoso que se ganha um pedaço e não se quer rejeitar,
Quer partir outro e partindo quer partir para onde nunca alguém partiu.
Ainda o faço, não com o bolo, mas com meus desejos, sonhos.
Vi amigos, lugares, mas não permaneci, caminhei.
Tudo é passageiro, tudo tem um fim e por isso não me envergonhei.
Sempre é necessário começar, e para isto é preciso partir,
Desejos , sonhos, estradas, bolos, amigos, saudades, enfim.
Cheguei em algum fim, posso sentir,
O que me deu esta consciência é a brisa da manhã, como?
Fui tocado por ela ao descansar em minha poltrona, mas ela me despertou.
Este fim chegou para começar tantos outros caminhos de início e fim.
Mas o fim verdadeiro eu só saberei se de outra forma eu partir.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Seja Humano



por Tiago Eurico de Lacerda

A dor que perfura nosso peito,
a dor que nos asfixia quando vemos só o mau e o mal no mundo,
esta dor que oprime, nos isola, nos permite lágrimas amargas,
que nos faz órfãos, nos adoece, não nos inclui,
pode ser transformada!
O coração é uma terra sensível, precisa de alimento certo para a vida.
não o alimentemos com a dor provocada de nosso egoísmo,
ele não merece ser tocado pelo mal estar desse mundo,
demos ao nosso coração possibilidades, não amarguras.
O maior perdão para este ano é o de si próprio,
é reconhecer que nossa humanidade é frágil, erra, chora,
não pensemos que somos um anjo, ou outro ser que alguns tentam nos impor
para que oprimidos não vivamos o nosso ser humano.
Ser humano é ser suscetível a errar,
é perceber que não podemos tudo, mesmo diante de tantas possibilidades.
Quem quer abraçar tudo em sua vida se enche de um vazio,
adoece.
quem quer resolver tudo em sua vida, também se esvazia,
esmorece.
E quem acha que tudo pode, não sabe onde está,
se frustra.
Não vamos olhar para o outro e querer ver a perfeição,
Deixemos cair as máscaras e estereótipos sobrenaturais,
elas não nos pertencem, são lacunas para a dor,
nos enganam e não têm sabor.
O sabor não se encontra em pessoas, nem em coisas desse mundo,
o sabor está dentro de nós.
É preciso um mergulho profundo dentro de nós mesmos para encontrarmos aquele nosso eu perdido e levá-lo à superfície.
Mas quando o encontrarmos, não nos assustemos,
somos nós mesmos e as vezes podemos não gostar do nosso verdadeiro eu.
Mas quando nos tornamos cônscios e amamos este eu sem máscaras, a dor se vai,
o riso sobressai, e as cores se tornam mais vivas.
Viver como um ser humano é viver em busca desse humano que muitas vezes tentamos esconder. Este, quando encontrado não nos exime de lágrimas, dor, vergonha e frustação,
mas com ele por perto tudo se torna mas claro e menos complicado.
Onde se esconde o meu eu, o nosso eu, o eu do mundo?

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