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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Casais homossexuais e a união estável


Por Tiago Lacerda

        Em maio de 2011 o Supremo Tribunal Federal reconheceu por unanimidade a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar. Com certeza muitos já imaginaram esta situação tornando-se vigente, mas não tão mencionada como no presente momento da história. Muitas pessoas falam pelas ruas, blogs, jornais, constitucionalistas discutem e colocam limites nesta união, outros gostariam de estender ao matrimônio, enfim, “modas de viola”.
            Enquanto discutimos sem querer ouvir efetivamente o próximo, o tempo não para e não dá espaço para a vida ser vivida, sentida. Novelas propõe a ideia, mas não podem levar muito adiante por ser contrário aos costumes, até a “poderosa” tem seus limites. Criamos não uma homofobia sexual, mas de valores que não permitem reflexões maduras e paulatinamente responsáveis. Digo isto por muitos temerem a si mesmos, não na força, mas nas fraquezas.
O termo homofobia é um neologismo criado pelo psicólogo George Weinberg, em 1971, onde ele utiliza a palavra grega phobos ("fobia"), com o prefixo homo-, como remissão à palavra "homossexual". Phobos (grego) é medo em geral. Fobia seria assim um medo irracional (instintivo) de algo. Porém, "fobia" neste termo é empregada, não só como medo geral (irracional ou não), mas também como aversão ou repulsa em geral, qualquer que seja o motivo. Etimologicamente, o termo mais aceitável para a ideia expressa seria "Homofilofóbico", que é medo de quem gosta do igual.
O medo enquanto respeito é um caminho, mas o medo violento leva a morte. Não menciono nenhuma morte física, o que seria o descanso para os que sofrem em tal inferno. Mas a morte psíquica e espiritual, que é a pior de todas elas. Uma analogia a Sartre se faz oportuno neste momento: “o outro é o nosso inferno”. Um inferno, bom, que nos coloca diante de nós mesmos com a verdade, ou um inferno que impossibilita as pessoas de serem elas mesmas. Os judeus não podiam dizer-se, pois eram perseguidos e mortos, neste contexto o outro nos aniquila. E nesta onde de levar pelo modismo as repulsas, aniquilamos a quem não gostamos, ou a quem gostamos e não somos, ou simplesmente a nós mesmos. Um exército que se divide, degringola-se.
Matamos nosso semelhante. Não sentimos sua morte, pois morte é comum desde que não seja em minha casa, família. Preceitos religiosos nada adiantam se ficam no campo das ideias. Leis nada inferem se não prescrevem sanções, por que ser movido na heteronomia enquanto se pode caminhar com as próprias pernas e deixar que cada um caminhe em paz.

terça-feira, 19 de abril de 2011

O assento dos acentos


por Tiago Lacerda

Quando vejo uma cadeira, não penso outras coisas,
É obvio que vejo simplesmente uma cadeira.
Vejo todos os seus predicativos, vejo o que todos veem.
Vejo o encosto, quando tem, vejo as pernas, ah se não tem!

Tudo isso me remete a uma classe superior, aos assentos,
Porém na fonética não posso ver, ou melhor, ouvi-los.
Não ouço uma perna, mas sei quando há acento, o tom é outro.
Aqui não só ouço como quero usá-lo, mas não na perna.

E o medo de errar? É preferível não colocar, quem disse?
Procuro saber onde eles estão e aonde vão.
Mas tudo isso me confunde, só me traz escuridão.
Quem disse que são “necessários” para a compreensão?

O humano quis assentar-se sobre esta convenção,
Positivar todo ato, todo sentido e toda fala.
Repousar em assentos para acentos colocar,
Para gerar tons, cores, enfim, a linguagem.

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