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Mostrando postagens de 2009

O caminho em partes (poema/texto de Tiago Eurico de Lacerda)

                                                                                                        por Tiago Eurico de Lacerda PARTE I – O DESABAFO, AS TREVAS Eu olho para o céu e contemplo as estrelas, é noite! É noite não porque o dia se foi, mas porque a escuridão me é palpável. Eu tento com minhas forças lutar para ser visto, reconhecido, Mas não, os outros não me darão crédito, sou limitado, algo em mim, falta. Me dizem que não posso, isso chega a doer em meu peito, Alguns pela minha relativa incapacidade nem me veem. São indiferentes, a dor não lhes tocam, não querem saber. Em meio a escuridão caminho e tropeço em minhas próprias forças, Quando penso que vão me ajudar, algumas portas começam a se fechar. O que posso fazer? Com quem posso contar? Minha família? Ah, se minha família soubesse o que se passa dentro deste meu coração! Me abraçariam, chorariam comigo e me amariam muito mais. E se esta porta que está mais perto de mim não se abre totalmente, Com

Onde o Supremo bem se esconde? (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

Onde o Supremo bem se esconde? por Tiago Eurico de Lacerda Quem somos nós? O que sabemos? Quando sabemos, já não o mais. Quando pensamos que é, nos deparamos com o nada! Se ele não é, como podemos nos deparar com ele? Para existir não é necessário ser? Mas o que é ser num mundo onde tudo é o ter? Onde as riquezas, a honra e o poder, ficam esperando por mim e você. Estes são caminhos que nos levam somente a esmorecer. Busquemos aquilo que nos satisfaça! Mas como posso intitular tal façanha? O bem, a quem, a cem... a suprema felicidade? Podemos encontrá-la, acredite! Ela é um bem certo, e sua forma de percebê-la, incerta. Há bens que são incertos e sabemos muito bem como lográ-los. Se não sabemos o caminho, o quê nos impede buscá-lo? O ser, o ter, o querer... qual infinitivo? Não deixe que a angústia de estar diante do nada, A angústia de estar diante, estonteante, Seja a última palavra, o ponto final. Lance mão de reticências. Não se detenha em vírgulas e

O Poço esquecido (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

O poço esquecido Por Tiago Eurico de Lacerda Encontrei um lugar muito bom para pensar. Aqui há um açude de cimento sem água, um tanque antigo. Nele só há folhas secas das árvores que o ladeia. E é em sua sombra que me refugio do sol. Olho para um lado, campo. Olho para o outro, serras. Bem longe avisto os prédios do centro da cidade. Aqui o vento traz paz, faz música Tocando os galhos e suas folhas secas no fundo do tanque. Enfim me encontro só, ou melhor, eu e o poço, Mas sei que nós dois não estamos abandonados. Ele me faz lembrar, pensar, rezar. E eu quase me esqueço, era eu o poço e o vento. Aprendi que opaco pode brilhar, E o que hoje brilha, amanhã já não será. Nesse tanque profundo e largo já houve esperança, Que com suas águas se esgotaram, E por seu estado, nada e ninguém o ajudou. Hoje é um tanque qualquer, Em lugar nenhum e sem provisão. No passado foi a fonte da abundância, Do doar-se, do servir. Ele fez sua história, escreveu suas páginas,

A força em mim (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

A força em mim Por Tiago Eurico de Lacerda Me disseram que em mim há uma força, que com ela posso lograr o mundo. Mas se mal aplicada pode ser minha forca, caminho para um abismo profundo. Luto contra esse poder que quer me controlar, quer ser heterônomo, quer me anular. Mas eu vejo adiante, sei manobrar, o faço com perspicácia, não a claudicar. Nesse mundo todos querem ganhar, se sofro iminente perigo de queda, logo passarei a atacar. Se não o faço, jogo armado será. Para tudo tem um tempo, não adianta apresar. Ninguém morre antes da hora, quando eu estou, ela não está. O que aprisiona o homem é o medo, E este mesmo poderá libertá-lo. Quando os anos passarem mais cedo, Paulatinamente verás que foi sinal para calá-lo. Meu silêncio não tem preço, não o ponho a venda, sou aquilo que muitos morreram anelando. uma voz no deserto, um senda, água que rega onde o tempo seguia secando.

Cotidiano (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

Cotidiano Por Tiago Eurico de Lacerda uma só dose é o bastante, numa só taça há graça, um só contato é fraco. Se não há abertura, governante, se se quer outros ares, praça, se a dor é constante, chore. Mas nunca deixe que seu palco desarme. Se a madeira cair, outras virão. Vinho bom, odre velho. Vinho bom, odre novo. Eu aqui e tudo de novo.

Meus gritos se calam (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

Meus gritos se calam  poema de Tiago Eurico de Lacerda Quero e não faço, mas não sei o porquê. Desejos e vontades ocultos, Vida cercada por vidas Quantas miradas! Vejo, mas imagino que poderia ser mais. Olhos fechados para o além, As miradas disfarçam-se O desejo vem. Penso em sair, mas o lar é cômodo. Penso em agir, mas me foge às mãos. Calo e descubro que são apenas assombrações Que em meio às constelações não querem me ver brilhar. Se brilho creio que foi demasiado. Se no escuro, choro a luz. Quantas bobeiras me invadem Quantas se esvaem. Escrevo para não falar. Quando falo não sei pronunciar. Faltam-me palavras concisas Sou prolixo lançado ao ar. Falo de mais sem abrir a boca Nunca me foi necessário, por que agora? Meu olhar, minha voz se comunicam E meus gritos se inflamam. E meus gritos se calam E meus gritos me malham E meus gritos me assolam E meus gritos se esvaem.

Sonhos (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

Sonhos por Tiago Eurico de Lacerda Quem poderá dizer que nunca sonhou Ou que algum dia não esperou Um milagre, uma surpresa e apreendeu Na fraqueza, delicadezas? Me disseram que a vida é cruel Mas o que seria a crueldade, Senão, a falsa sensibilidade Que querem impor ao réu? Não sei se vi, nem se ouvi Será que não sei? Não sei. Querem tapar meus sentidos E tirar-me... E a liberdade, onde está? Onde? Você a viu passar? Diga-lhe que estou bem Que estou bem? Sei... O problema é que me olvido De sempre especular os sonhos Talvez seja a alteridade que me barre Ou não. Mas devaneio.

Tédio (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

Tédio por Tiago Eurico de Lacerda Posso aborrecer sem desfalecer Posso desfalecer pelo fastio Mas não posso pelo tédio parir Um desgosto por quem não pôde rir. Se hoje eu rio Amanhã cachoeira Se não rio O jocoso se torna poeira. Se a poeira não me cegar Vou por caminho seguro Assim talvez possa chegar E quiçá irei ficar. Quiçá não faz história Creio até que morreu A viver na insegurança Me apetece mais eu. Eu não sei o caminho E você não sabe chegar Minha mochila é pesada Devolve-me, pois vou me atirar. O alvo é tédio, não importa O tempo é curto, eu sei A vida é assim e eu assado E nós juntos outra vez.

A Luz (poema de Tiago Eurico de Lacerda)

por Tiago Eurico de Lacerda Luz que me ilumina e me leva a pensar, pensar que não estou só, pensar que há um outro lugar, onde eu possa me calar, onde eu possa chegar. Às vezes olho para um lado e outro, escuridão, ora começo a chorar, ora há uma luz a me consolar, um consolo caloroso, um sinal de perdão, uma luz notória invadindo o meu coração. Eu tento imaginar de onde vem essa luz, não sei explicar, ela é ofuscante e não posso olhar, o que sei é que ela me aquece, me conduz. Às vezes é muito difícil continuar, mas quando percebo que não enxergo nada, é porque olho de uma forma errada, pois não é no horizonte que devo mirar, talvez seja vertical o meu caminhar. Essa luz só pode vir do alto, pois ela tem muita energia, ela não se apaga, mesmo que às vezes eu não a vejo. Não é que ela tenha sumido, mas sim, eu fechei os meus olhos. Essa luz só pode ser o Amor, Essa luz só pode ser puro calor, Essa luz é um borrador,  de medos, inseguranças e escuridão.