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18 setembro 2012

O processo de socialização - Parte I

 

O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO - Parte I

Podemos iniciar nossa reflexão com o questionamento: O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam a sociedade ou a sociedade molda os indivíduos?
Socialização:
É o processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são por ela formados.  
A imagem que melhor descreve esse processo é a de uma rede que vai sendo tecida por relações sociais que vão se entrelaçando e compondo diversas outras relações até formar toda a sociedade.
Cada indivíduo ao fazer parte de uma sociedade, insere-se em múltiplos grupos e instituições que se entrecruzam, como a família, a escola, e a igreja. E, assim, o fio da meada parece interminável porque forma uma complexa rede de relações que permeia o cotidiano. Ainda que cada sujeito tenha sua individualidade, esta se constrói no contexto das relações sociais com os diferentes grupos e instituições dos quais ele participa, tendo por isso experiências semelhantes ou diferentes das de outras pessoas.
O que nos é comum
Ao nascer o indivíduo chega a um mundo que já está pronto, e essa relação com o “novo” é de total estranheza.
A criança vai sentir: Frio e calor; Conforto e desconforto; Vai sorrir e chorar; Enfim, vai se relacionar e conviver com o mundo externo.  Para viver nesse mundo terá que aprender a conhecer seu corpo, seja observando e tocando partes dele, seja se olhando no espelho. Nesse momento ainda não se reconhece como pessoa, pois não domina os códigos sociais; é o “nenê”, um ser genérico.
Com o tempo a criança percebe que existem outras coisas a seu redor: O berço; O chão; E os objetos que compõem o ambiente em que vive.
A criança percebe que existem também pessoas: Pai; Mãe; Irmãos; Tios; Avós.     
São pessoas com as quais ela vai ter que se relacionar. As crianças descobrem que existem outras pessoas que não são família e terá que aprender a diferenciá-las das que são. À medida que cresce, vai descobrindo que há coisas que pode fazer e coisas que não pode fazer. Posteriormente saberá que isso é determinado pelas normas e costumes da sociedade à qual pertence.
Processo de conhecimento do mundo
No processo de conhecimento do mundo, a criança percebe que alguns dias são diferentes dos outros. Há dias em que os pais não saem para trabalhar e ficam em casa mais tempo. São dias em que assiste mais à televisão, vai passear em algum parque ou outro lugar qualquer. Nota que vai a um lugar diferente, que mais tarde identificará como a igreja. Nos outros dias da semana vai à escola, onde encontra crianças de mesma idade e também outros adultos.
A criança percebe que existem outros lugares:
A criança vai entendo que existem outros lugares além da casa em que vive; alguns são bem parecidos com o seu, já outros não; alguns são próximos e outros são bem distantes; alguns são grandes e outros são pequenos; alguns são ricos e outros são simples ou miseráveis. Ao ver Tv percebe que existem cidades grandes e outras que são bem pequenas, novas e antigas. Descobre também que existem áreas rurais, com poucas casas, onde se cultivam os alimentos que ela consome. Aos poucos, saberá que cidades, zonas rurais, matas e rios fazem parte do território de um país, que é dividido em unidades menores, no caso do Brasil são chamados de Estados-membros. Nessa extraordinária viagem que está fazendo a criança aprenderá que há os continentes, os oceanos e os mares, e que tudo isso, com atmosfera, forma o planeta Terra, que por sua vez está vinculado a um sistema maior, o sistema Solar, o qual faz parte de uma galáxia: a Via Láctea. Esse processo de conviver com a família e com os vizinhos, de frequentar a escola, de ver televisão, de passear e de conhecer novos lugares, coisas e pessoas compõe um universo cheio de faces no qual a criança vai se socializando, isto é, vai aprendendo e interiorizando palavras, significados e ideias, enfim, os valores e o modo de vida da sociedade da qual faz parte.

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010

12 setembro 2012

Trabalho - Parte II: Da tortura à dignidade



Pensando o trabalho a partir da tortura (como era visto) até o momento em que foi tido como uma atividade que dignifica o homem.

O termo trabalho pode ter nascido do vocábulo latino tripallium, que sig­nifica "instrumento de tortura", e por muito tempo esteve associado à ideia de atividade penosa e torturante. Nas sociedades grega e romana era a mão-de­-obra escrava que garantia a produção necessária para suprir as necessidades da população. Existiam outros trabalhadores além dos escravos, como os meeiros, os artesãos e os camponeses. No entanto, mesmo os trabalhadores livres eram explorados e oprimidos pelos senhores e proprietários. Estes eram desobrigados de qualquer atividade, exceto a de discutir os assuntos da cidade e o bem-estar dos cidadãos. Para que não dependessem do próprio trabalho e pudessem se dedicar exclusivamente a essa atividade, o trabalho escravo era fundamental. O trabalho passou a ter valor após a Revolução Industrial e emergência do mercantilismo e do capitalismo devido a necessidade de mão de obra requerida pela burguesia que ganhava forças cada vez mais. a partir daí passou-se a pensar o trabalho como algo valoroso, algo que dignifica o homem, o trabalho mudou de figura e era preciso agora convencer as pessoas de que trabalhar para os outros era bom.

Algumas mudanças ocorreram na estrutura do trabalho. O pensamento primário a respeitodo trabalho foi tomando novo rumo. artesãos e pequenos produtores se transformaram em assalariados. vamos ver como se deu esse movimento conceitual do trabalho.
Primeiro, casa e local de trabalho foram separados; depois, separaram o trabalhador de seus instrumentos; por fim, tiraram dele a possibilidade de conseguir a própria matéria-prima. Tudo passou a ser dos comerciantes e industriais que haviam acumulado riquezas. Eles financiavam, organizavam e coordenavam a produção de mercadorias, definiam o que produzir e em que quantidade. Afinal, o dinheiro era deles.
Essa transformação aconteceu por meio de dois processos de organização do trabalho: a cooperação simples e a manufatura (ou cooperação avançada).
Na cooperação simples, era mantida a hierarquia da produção artesanal entre o mestre e o aprendiz, e o artesão ainda desenvolvia, ele próprio, todo o processo produtivo, do molde ao acabamento. A diferença é que ele estava a serviço de quem lhe financiava não só a matéria-prima, como até mesmo alguns instrumentos de trabalho, e também definia o local e as horas a ser trabalhadas. Esse tipo de organização do trabalho abriu caminho para novas formas de produção, que começaram a se definir como trabalho coletivo.
No processo de manufatura (ou cooperação avançada), o trabalhador até continuava a ser artesão, mas não fazia tudo, do começo ao fim. O sapato, por exemplo, era feito a muitas mãos, como numa linha de montagem. Cada um cuidava de uma parte, como hoje acontece com os carros e tantos outros produtos fabricados.



Com esse processo ocorreu o convencimento do trabalhador de que a situação presente era melhor do que a anterior. Diversos setores da sociedade colaboraram para essa mudança:
  • As igrejas procuraram passar a idéia de que o trabalho era um bem divino e quem não trabalhasse não seria abençoa­do. Não trabalhar (ter preguiça) passou a ser pecado.
  • Os governantes passaram a criar uma série de leis e decre­tos que penalizavam quem não trabalhasse. Os desempre­gados eram considerados vagabundos e podiam ir para a prisão. Inclui-se aqui o auxílio da polícia, encarregada de prender esses "vagabundos".
  • Os empresários desenvolveram uma disciplina rígida no trabalho, principalmente com horários de entrada e saída dos estabelecimentos.
  • As escolas passaram às crianças a ideia de que o trabalho era fundamental para a sociedade. Esse conceito era ensinado, por exemplo, nas tarefas e lições e também por meio dos contos infantis. Quem não se lembra, por exemplo, da his­tória da Cigarra e da Formiga ou da dos Três Porquinhos? Quem não trabalhava "levavasempre a pior".

Resumindo:
O trabalho era visto de forma torturante.
  • Era uma atividade apenas voltada para escravos ou classe mais pobre.
  • Era valorizado quem não trabalhava, pois tinha que pensar na vida e nos assuntos da sociedade.
  • O trabalho passou de uma concepção de algo vil para uma atividade que dignifica o homem.
  • Dois processos de organização do trabalho: cooperação simples e manufatura.
  • Algumas instituições colaboraram para esta mudança: igrejas, governantes, empresários e escolas.

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010



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