Estrutura e estratificação social


Podemos observar os sinais das desigualdades sociais em todos os lugares, todos os dias. Toda a percepção de uma determinada sociedade implica na analise das diferenças que existem entre os seus membros. A Estratificação Social pode ser relacionada não só ao aspecto político, mas também a valores de cultura, hábitos, costumes e padrões morais específicos. Podemos afirmar, portanto, que mesmo antes do surgimento da propriedade privada já existiam diferenças sociais e grupos poderiam ser identificados, não por seu destacamento econômico, mas por seus valores culturais mais amplos. Dessa forma, vamos analisar as três mais importantes formas de desigualdade que uma determinada sociedade pode apresentar. Normalmente, as desigualdades se evidenciam no dia a dia pelos contrastes entre riqueza e a pobreza, no acesso à educação e aos bens culturais, os chamados bens simbólicos.
Castas
A sociedade de castas está diretamente relacionada à Antiguidade Oriental, é verdade que temos exemplos históricos dessa modalidade de desigualdades em alguns pontos da Grécia Antiga, mas, no entanto foi na Índia que essa organização consolidou-se. A sociedade dividida em castas é aquela em que os grupos sociais são definidos pelo papel que o indivíduo desempenha na sociedade. Para estudar a estratificação em cada sociedade é necessário que se verifique como se organizam as estruturas de apropriação (econômica) e dominação (política). Entretanto estas estruturas constitui relações entre os vários fatores – econômicos, políticos, históricos, sociais, religiosos, culturais – que dão uma feição para cada sociedade.
A hierarquia entre as castas é definida pela separação entre trabalho manual e trabalho intelectual, sempre valorizando a última em relação à primeira. Em outras palavras, o que definia posição de um indivíduo em uma sociedade é a casta ao qual ele pertence. Dessa forma, podemos afirmar que existiam castas de burocratas, de médicos, de sacerdotes, de lavradores, de comerciantes, e assim por diante.
Esse processo segue uma rígida hierarquia e hereditariedade, ou seja, se você nascer membro de uma família de sacerdotes, naturalmente você vai ser um sacerdote. Os indivíduos nesse modelo são identificados diretamente com a casta ao qual pertencem apresentando sempre um mesmo nome, usando sempre um mesmo tipo de roupa, ou uma cor específica. Esses indivíduos, obrigatoriamente seguem um modelo de casamento endogâmico (com membros da própria casta).
Estamentos
O sistema de estamentos ou estados constitui outra forma de estratificação social. A sociedade estamental pode ser relacionada diretamente ao mundo feudal, na Idade Média. É importante ressaltar o que define o estamento, ou seja, a origem das diferenças está relacionada ao nascimento e a inexistência (ou existência em pouca escala) de mobilidade social.
De maneira geral, se você nascer servo você irá morrer como tal e assim por diante. É importante ressaltar que existe um código jurídico que é aceito e legitimado no contexto dessa sociedade: “A nobreza era constituída para defender a todos, o clero para rezar por todos, e os comuns para proporcionar comida a todos”, que era incorporado e aceito pelos indivíduos que compunham esse corpo social. Alguns chegavam a conseguir títulos de nobreza, o que, no entanto, não significava obter o bem maior, que era a terra. A propriedade da terra definia o prestígio, a liberdade e o poder dos indivíduos. Os que não possuíam eram dependentes, econômica e politicamente, além de socialmente inferiores. A desigualdade era um fato natural.
Um exemplo dado pelo sociólogo brasileiro José de Souza Martins ilustra bem isso. ele declara em seu livro “A sociedade vista do abismo: novos estudos sobre exclusão, pobreza e classes sociais”, que durante uma pesquisa no Mosteiro de São Bento, na cidade de São Paulo, encontrou um livro da segunda metade do século XVIII no qual havia dois registros de doações (esmolas) uma feita para um nobre pobre, que recebeu 320 réis e outra para um pobre que não era nobre, que recebeu 20 réis. O seu comentário varia em que um nobre pobre valia dezesseis vezes um pobre que não era nobre. as necessidades de um se diferenciava em muito do outro. Atualmente, se alguém decide dar esmola a uma pessoa que está em situação precária, jamais leva em consideração as diferenças sociais de origem do pedinte, pois partem do pressuposto de que elas são puramente econômicas. E para Martins é isso o que distingue estamento de classe social.
Classes
O termo classe costuma ser empregado de muitas maneiras. Diz-se, por exemplo, “alguém tem classe”, classe política, classe dos professores, etc. essas são formas do senso comum utiliza para caracterizar determinado tipo de comportamento ou para definir certos grupos sociais ou profissionais. Assim, as classes sociais expressam, no sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se estruturam na sociedade capitalista.
Noção de classe social está diretamente ligada ao mundo capitalista, e foi dimensionada conceitualmente na Sociologia, pela primeira vez, por Karl Marx. Para ele a classe social é a forma de organização da sociedade que expressa a exploração econômica de um determinado grupo social por outro.
É, portanto uma diferenciação essencialmente econômica e aberta, ou seja, que aceita mobilidade em todos os níveis, seja horizontal ou vertical. Para Marx, podemos considerar a existência de dois grandes grupos sociais no capitalismo, a Burguesia (os donos dos meios de produção) e o proletariado (aquele que tem apenas a sua força de trabalho).
Para Max Weber, a caracterização de uma classe social deve ser econômica, mas também deve ser percebido seus aspectos sociais, baseada no status. Na abordagem multidimensional deste autor a analise das classes sociais devem levar em conta que os indivíduos podem se situar na escala de estratificação de modo diferente, nessas duas dimensões. Por exemplo, um indivíduo pode possuir riqueza suficiente para colocá-lo no topo da escala social no âmbito da ordem econômica, mas não possuir honra e prestígio suficiente para situá-lo no patamar mais elevado no âmbito da dimensão social. Sua riqueza pode não ser considerada fonte de riqueza e honraria.
Posição de conflito: a sociedade de classes
a) As classes sociais constituem categorias analíticas, e os estratos constituem categorias derivativas e estáticas.
b) As classes sociais mudam no decorrer da história e surgem a partir de determinadas condições estruturais.
c) Definem-se as classes sociais pela relação dos homens com os meios de produção.
d) As classes não existem isoladas, mas como sistema de classes: as relações entre as classes são relações de oposição.
e) Os conflitos são expressão das contradições de sistemas sócio-econômicos determinados.

Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010
Tiago Lacerda

Professor no Departamento de Ciências Humanas e Sociais - UTFPR - Campus de Londrina. Professor do Quadro Próprio de Magistério da SEED-PR. Mestre e doutor em Filosofia pela PUCPR.

2 Comentários

  1. respostas das atividades. Posição de conflito: a sociedade de classes

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  2. Paula Wallace20 abril, 2016

    Muito bom!

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